quarta-feira, 10 de junho de 2015

Nem católico, nem evangélico: O cristianismo é o cristianismo



Estamos cansados de escutar da boca de religiosos, profissionais ou leigos, as frases de que a “verdadeira Igreja de Cristo é a católica” ou que a “igreja evangélica é a reforma do cristianismo primitivo, um reavivamento do amor inicial da fé cristã". Este texto visa combater estas teses, com bases teológicas, filosóficas, históricas e socioantropológicas, mostrando que o cristianismo não é e nunca foi pensado para ser uma religião.

Em primeiro lugar é bom estabelecer o significado da palavra “Igreja” que do grego “Eclésia” quer dizer “assembleia”, cuja ideia é a da reunião de todos aqueles que comungam de um mesmo ideal, e no caso do cristão, o conceito de igreja se associa não a uma entidade física ou institucional, mas a um ente relacional composto por um corpo de princípios filosóficos e espirituais. Como assim? Simples, Jesus (enquanto personagem histórico) nunca se fixou em um lugar, estabeleceu liturgias, ou institucionalizou os seus ensinamentos. Um exemplo disso, em seus ensinamentos, ocorreu quando o grupo dos Fariseus estava preocupado em encontrar o “reino de Deus” em algum lugar concreto:

“E, interrogado pelos fariseus sobre quando havia de vir o reino de Deus, respondeu-lhes, e disse: O reino de Deus não vem com aparência exterior. Nem dirão: Ei-lo aqui, ou: Ei-lo ali; porque eis que o reino de Deus está entre vós” Lucas 17:20,21

O que acontece é que o conceito de reino de Deus está no terreno do “ENTRE”, ou seja, é relacional, demonstrando claramente que o conceito de igreja nasceu para ser relacional e não institucional. O problema é que, com o passar dos séculos, as comunidades foram se embrenhando no poder político dos reinos e impérios que se seguiam, e passaram a perverter o conceito de igreja, tirando-o do “ethos coletivo” para o do “institutio”, trocando as relações de amor, por relações de poder. Neste sentido, as instituições religiosas cristãs passaram a ser fiscais da fé de seu próprio grupo e da fé alheia, transformando-se em um objeto pervertido e assombroso com dois milênios de vida. Muitas delas, inclusive, passaram a se parecer mais com “imobiliárias da salvação” do que com qualquer instituição que prezasse com mudanças sociais efetivas no modo de ser/pensar perverso do mundo.

Digo isto com muita clareza ao afirmar que a Igreja Católica é uma invenção romana do século IV d.C., que começa a surgir a partir do Concílio de Nicéia, em 325 d.C., por ordem o Imperador Constantino que em decreto cessou a perseguição aos cristãos. Mas o golpe mais duro viria em 380 d.C., quando o imperador bizantino Teodósio I, declarou que o cristianismo era a religião oficial do Império e que todos os povos deveriam se converter a ela, ou seriam perseguidos pelo mesmo. Isso foi um trágico golpe ao cristianismo primitivo que, em suas origens mais puras, nasce em CONTEXTO JUDAICO, e não romano, no sentido de que, deixando de ter uma fé desintitucionalizada, passaram a ter seus costumes brutalmente sintetizados com a mitologia Greco-romana: os templos que eram usados pelo paganismo, passaram a ser locais de veneração cristã; o dia de descanso passou de sábado (costume judaico) para domingo, em atenção ao costume do “dia do Sol” (o deus Mitra, dos romanos, era considerado o deus-sol, e os seu dia sagrado era o domingo – “Sunday”); assim como o Natal passou a ser celebrado em 25 de Dezembro, pois esta era a data do nascimento de Mitra; as estátuas de Hera, Afrodite e Atenas, foram facilmente transformadas nas imagens das “virgens” ou “santas” (Maria, Madalena, Ana, etc), assim como as dos deuses Zeus, Apolo, Hermes, Poseidon, foram facilmente sincretizadas com os “santos católicos”; e assim se seguiram vários outros exemplos, muitos dos quais perduram até hoje, como a de alguns os rituais, vestimentas, instrumentos da missa e etc.

E foi-se deteriorando o cristianismo até que, insuportavelmente, de forma política, econômica e social, irromper no movimento da Reforma Protestante, no século XVI. Muitos pensam, neste sentido que, a reforma foi uma rebelião conduzida por Martinho Lutero (1483-1546), mas uma análise mais ampla nos mostra que a reforma protestante foi um movimento descentralizado que ocorreu durante mais de um século: Jerônimo Savonarola (1452-1498) foi um padre domiciano da cidade de Florença que conduziu um movimento focal de reforma cristã até o ponto de ser assassinado pela autoridades locais a contento do papa Alexandre VI (1431-1503), antes mesmo de Lutero surgir na cena histórica; Ulrico Zwinglio (1448-1531) também foi um reformador que atuou na suíça que com êxito conseguiu organizar um movimento religioso em seu país. Também houve, dois séculos antes, como precursores da reforma, John Wycliffe (1328-1384), na Inglaterra e; John Huss (1369-1415).

Enganam-se também aqueles que tentam “espiritualizar” tudo, vendo a Reforma Protestante como um movimento de “ovelhinhas santas” que tentavam se desvencilhar dos seus tosadores: também existiam muitos interesses políticos, econômicos e sociais na questão, e isso é simples de se perceber ao ver que o Príncipe Frederico da Saxônia (1463-1525), grande protetor de Lutero, estava muito interessado em, juntamente com seus nobres, subverter o poder e os bens da Igreja Católica para seu reino, assim como o Rei Henrique VIII (1491-1547) que possuía interesses claramente católicos, rompeu com o papa e sua igreja porque não lhe foi dada a autorização para se divorciar e casar-se com outra mulher, criando assim sua própria Igreja Nacional, a Anglicana (na Inglaterra).

Logo, foram vários os motivos que levaram à reforma protestante, e um foi se valendo do outro até chegar ao ponto em que através de várias rebeliões, oficialmente cindiu-se a igreja, criando uma nova tradição ou ideologia cristã.

Em se tratando de movimento político, social, econômico e cultural, a reforma protestante representou um salto e um grande avanço na história mundial, na medida em que colabora para a superação da Idade Média e da dominação católica, ainda que sob duras penas e de algumas formas seriamente questionáveis.

Mas o que acontece é que a reforma protestante não apresentou-se como um movimento homogêneo e unívoco, na medida em que, um de seus pilares políticos e sociais, era o da afirmação da liberdade humana: liberdade de culto, liberdade de consciência, e liberdade de exame às escrituras. Todavia, tal princípio não durou por muito tempo, pois em algumas regiões na medida em que ia se conquistando a hegemonia sob a coletividade, passaram a reproduzir de diferentes maneiras os mesmos modus operandi do catolicismo. E a partir daí travaram-se vários confrontos e guerras, tudo em nome da fé – e por sinal, até hoje vemos reflexo disso em nossa cultura ao ver a hostilidade entre determinados grupos de católicos e de evangélicos.

Mesmo não sendo um movimento “puro”, teologicamente falando, a reforma protestante apresentou consideráveis avanços na tentativa de um retorno a um projeto de espiritualidade primitiva, estes que culminaram alguns séculos depois na doutrina das 5 solas (dá uma pesquisadinha no Google a respeito... =), é um tema bacana), mas que falharam, sob meu ponto de vista, na medida em que, buscando livrar-se da dominação da igreja católica e por um ideal de fé livre, condicionaram tal fé à uma outra estrutura eclesiástica, copiada de sua mãe litigiosa (a Igreja Católica). Neste sentido, um dos grandes problemas é que, lutando pela liberdade de crença, condicionaram o pensamento e a fé cristã a uma instituição.

Isso é simples ao observarmos o hermetismo (essa capacidade que as igrejas têm de se fecharem em si mesmas e não dialogarem com o mundo, não aceitarem críticas, não se envolverem mais ativamente com o social, não estudarem outras teorias a não ser as suas caseiras) que a maioria das instituições pós-protestantes (uso este termo para não falar evangélicas, pois ainda chegaremos lá) possuem.

E assim foi a reforma protestante, desde o ano de 1517, em que se estabeleceu oficialmente enquanto “Igreja” (ou movimento espiritual, de pensamento filosófico), com o afixamento das 95 teses de Lutero na catedral de Wittenberg (Alemanha), até o ano de 1906, nos Estados Unidos, onde começa a Igreja Evangélica, no famoso “Avivamento da Rua Azusa”: Aqui se marca uma quebra fundamental no paradigma do pensamento protestante, onde se dividem protestantes (Igrejas Tradicionais) de Evangélicos (Igrejas Pentecostais). Todavia, com o passar dos anos e com a crescente multiplicação desta segunda via (o movimento pentecostal é conhecido como a segunda via do pensamento protestante), e com a conversão de igrejas tradicionais em pentecostais, a igreja passou a cada vez mais se nomear como “evangélica”. E o mais interessante é que o Brasil também possui um papel importante nesta história, ao passo que a maior igreja pentecostal do mundo é a Igreja Evangélica Assembleia de Deus do Brasil, de onde surgiram grande parte das dissidências que fundariam a terceira onda do movimento protestante, a partir da década de 70, com as Igrejas Neopentecostais, que seriam exportadas para o mundo (Igreja Universal do Reino de Deus é um exemplo).

As igrejas neopentecostais foram as responsáveis por trazer outro nível de organização do sistema religioso protestante à sociedade, na medida em que, seu apelo subiu de nível socioeconômico e cultural: o “esgotamento” natural das camadas sociais mais baixas onde as igrejas pentecostais pregavam (onde as igrejas pentecostais tinham um forte apelo por sua teologia “exorcista” e “curandeira”, mostrando o ideal imediatista de solução de problemas sociais) foi dando lugar a um projeto de classe média que ia emergindo no final da ditadura militar e reabertura da democracia, onde as igrejas neopentecostais, com seus discursos mais leves em relação aos usos e costumes (mulheres poderem usar calças, maquiagens, ser permitido aos fiéis assistir televisão, jogar futebol, etc.) e com forte apelo a Teologia da Prosperidade (afinal de contas, a classe média que começava a esboçar-se precisava de um discurso para si). E assim surgem as igrejas com fortes discursos expansionistas, capitalistas, triunfalistas, imperialistas, com forte apelo no marketing, na psicologia da confissão positiva, em uso de técnicas de hipnose (ainda que de maneira inconsciente, ou não), cada vez mais centradas no culto ao “ego” e com uma estrutura administrativa cada vez melhor estabelecida através de “Redes”, “Células”, “Modelos”, etc, passando a importar cada vez mais as músicas, costumes e hábitos de outros países (Colômbia, Coréia do Sul, Austrália e principalmente dos Estados Unidos), criando uma classe de consumidores de religiosidade.

Todavia, estas igrejas preservaram alguns aspectos interessantes do movimento pentecostal, colocando-se cada vez mais em oposição às igrejas protestantes históricas, no sentido de que tornaram-se cada vez mais herméticas, e combatentes à qualquer tipo de crítica externa: afinal de contas, qualquer tipo de pensamento que parecesse difícil ou impossível de ser rebatido pela comunidade religiosa, rapidamente era taxado de herético ou rebelde em uma espécie de mini-inquisição do pensamento no século XXI. Todavia, este parece ter sido, em conjunto com série de escândalos e com uma teologia mais fraca do que gelatina sem sabor, um dos grandes motivos para uma série de debandada em massa de fiéis, principalmente jovens, a partir dos anos 2000; estes que passaram rapidamente a ser taxados de ovelhas rebeldes, vendidos, “desviados” ou “fracos na fé”.

E todo este processo se dando em claros “loopings” da Igreja Católica na tentativa de arrebanhar fiéis em todo este processo: o movimento da Renovação Carismática Católica, pareceu surtir certo efeito no Brasil, na medida em que, pentecostalizou a igreja católica e deu uma aparência levemente mais “underground” para sua liturgia. Outro movimento interessante foi o surgimento de um papa latino-americano que tem causado profunda comoção na mídia através de posturas que se apresentam como pequenas revoluções dentro da estrutura católica.

Enfim, depois de ter feito todo este panorama, vou ressaltar alguns pontos: a fé cristã é centrada na pessoa do Cristo, que não estabeleceu dogmas, liturgias, nem maneiras de culto, mas, cujos ensinamentos foram expressos através de parábolas que exemplificavam PRINCÍPIOS que são anteriores, maiores e mais profundos do que qualquer tipo de lei. E toda sua obra é resumida em dois princípios Bíblicos:

“E um deles, doutor da lei, interrogou-o para o experimentar, dizendo: Mestre, qual é o grande mandamento na lei? E Jesus disse-lhe: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas.” Mateus 22:35-40

Ora, é tão claro e simples como a água: Jesus resumiu toda a lei, sendo ela civil, penal, espiritual ou qualquer escambau, em dois simples versos – amar ao próximo e amar a Deus, que em última instância é “amar ao próximo”:

“Se alguém diz: Eu amo a Deus, e odeia a seu irmão, é mentiroso. Pois quem não ama a seu irmão, ao qual viu, como pode amar a Deus, a quem não viu?” 1 João 4:20

O problema de muitos católicos, evangélicos e ortodoxos (e aqui eu faço uma crítica a todos os sistemas institucionalizados de fé cristã) é o de, às vezes, encarar a Bíblia como um livro de contos de fadas, ou uma espécie de manual ou gibi espiritual, e não como um livro histórico, literário e filosófico, repleto de princípios que estão gritando para serem explorados através de ferramentas hermenêuticas.

Muitos teólogos, profissionais ou amadores, advogam a fala que “a Bíblia deve ser interpretada em um contexto”, mas olham somente para o contexto interno (no sentido da coesão literária, etc), mas esquecem-se de olhar para a mesma para os contextos culturais, históricos, sociais, econômicos, linguísticos, educacionais, que haviam na época, que eram muito diferentes dos nossos e que, consequentemente deram espaço para diferentes compreensões dos princípios existentes por trás do texto bíblico. Digo o texto bíblico por entedê-lo como um rico arcabouço de princípios para a fé e filosofia cristã.

O problema é que a institucionalização milenar do cristianismo, com todas as interpolações do paganismo, do romanismo, da política, das guerras, das diversas culturas, condicionaram a interpretação atual de grande parcela dos “pensadores” caseiros das igrejas. Some isto ao já criticado hermetismo das instituições e você terá um modelo escabroso, esquizofrênico e cruel de uma falsa espiritualidade travestida de fé: como em pleno século XXI uma igreja fala contra métodos contraceptivos? Como em pleno século XXI uma igreja fala contra divórcio? Como em pleno século XXI uma igreja permite que pastores boçais utilizem-se de espaços nas mídias para oprimir grupos homossexuais, de outras crenças religiosas ou políticas e etc? Ao ler estas perguntas, um leitor “condicionado” pelo pensamento religioso institucionalizado iria pensar “heresia”, mas não sabe explicar o significado cultural, histórico, antropológico e sociológico do divórcio, e qual o princípio cristão que havia por trás da proibição (não recomendação) do mesmo no século I.

Dou uma simples dica: uma mulher divorciada (que na verdade, era repudiada), em uma sociedade extremamente machista, onde era vista como um “ser inferior”, um objeto de posso do homem, teria somente duas opções – a mendicância ou a prostituição, caso contrário, morreria de fome, pois não era aceita pelos pais novamente em casa. Oras, não havia INSS, segurança social, pensão, comunhão de bens, mercado de trabalho feminino no século I, e o princípio cristão por trás da não recomendação do divórcio era o de elevar às mulheres a uma condição de igualdade para com os homens e, para que as mesmas fossem tratadas com o mesmo respeito que o mesmo. Todavia, mesmo o apóstolo Paulo, escreveu textos machistas (de que a mulher deveria ficar calada na “Congregação”, confere em I Coríntios 14:34-35) na Bíblia, mas não por “maldade”, mas porque a estrutura de pensamento social da época era assim. Oras, se queremos advogar um cristianismo inteligente que considera os contextos para não ter pretextos, devemos levar em conta as questões históricas, culturais, sociológicas, antropológicas e psicológicas da teologia.

“Ah, mas esse negócio de cultura é uma conversa para flexibilizar a fé em prol de interesses particulares”... então me responda porque o seu deus (com “D” minúsculo, porque não pode ser um Deus Bom), permite a escravidão?

“Vós, escravos, obedecei em tudo a vossos senhores segundo a carne, não servindo só na aparência, como para agradar aos homens, mas em simplicidade de coração, temendo a Deus.” Colossenses 3:22

O fato é que existem inúmeros outros textos que não podem ser respondidos por uma fé institucionalizada, justamente por ter um pensamento estreito que não dá conta de levar em consideração outros pontos de vista que não sejam aqueles cravados no ego ou no etnocentrismo.
Mas depois de todo este texto longo, o que eu quero dizer, em suma é: o cristianismo que conhecemos hoje, nada mais é do que um monte de cópias, interpelações, violências históricas, teóricas, filosóficas e misturas que nos foram impostas pelo decorrer dos milênios através de tradições institucionalizadas que tentaram sob todas as formas e forças dogmatizar o pensamento e dizer o que “pode e o que não pode”. Oras, a lei sob o qual estávamos, enquanto cristãos, caiu para que entrássemos na era da graça:

“Porque o pecado não terá domínio sobre vós, pois não estais debaixo da lei, mas debaixo da graça.” Romanos 6:14

E quando eu falo graça, eu falo “GRAÇA”, não permissividade, pois a graça está sob nossas consciências em Cristo, cujo limite é o amor ao próximo e a Deus. De resto, busquemos todas as coisas sob as quais não há lei, pois é sobre elas que se resume o cristianismo:

“Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança. Contra estas coisas não há lei.” Gálatas 5:22-23

Sendo que são estas coisas que resumem a busca do homem na terra, enquanto caráter, e mostram por oposição, tudo aquilo que o ser humano tem que renunciar... fora de qualquer institucionalidade, dogma, cabresto, prédio, ou sistema condicionador.

Cristianismo não é religião, é modo de viver, e um modo de ser baseado na verdade, sob a qual repousa a total liberdade do homem:

“E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” João 8:32
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Em Jesus de Nazaré, que nos libertou da ignorância,

Murillo Rodrigues dos Santos

Psicólogo, mestrando em psicologia, pesquisador em psicologia da religião.

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