domingo, 1 de abril de 2012

Porque existem tantas abordagens na Psicologia?

Psicanálise, Behaviorismo, Gestalt, Humanismo, Cognitivismo, Humanismo, Psicodrama, Psicologia Sociohistórica, Sistêmica, Transpessoal, Bioenergética, Indivivual, Analítica, Construcionismo, Construtuvismo, Logoterapia... como se encontrar entre tantas abordagens e teorias? Porque tantos nomes e teorias diferentes para se tratar do homem?


Somos ensinados desde os primeiros dias aula que existem escolas do saber em psicologia que representam diferentes visões do homem, e cada uma possui sua base epistemológica e metodológica no desempenho de suas funções, e que no final, elas todas “funcionam”.

A noção de paradigma serve para guiar os cientistas e profissionais no desempenho de suas atividades, fornecendo um modelo padrão pelo qual há de se seguir. Ora a psicologia se encontra no ramo das ciências humanas, e neste caminho tem encontrado diversos paradigmas. Thomas Kuhn (1922-1996) grande físico e epistemólogo, defende a noção de que uma ciência para ser plena deve ser ‘monoparadigmática”, ou seja, deve ter a certeza de um único caminho em que deve andar (2003). Todavia essa noção coloca a psicologia no que os epistemólogos chamam de “Ciência pré paradigmática”, que ainda não se definiu e que ainda se encontra na busca por um caminho único a ser trilhado, para que possa ser entendida como ciência. Ora, o erro de Kuhn, não está naquilo que ele defende, mas na forma como ele aplica sua teoria à complexidade da realidade científica em que vivemos.

A ideia de Kuhn é muito plausível na compreensão de sistemas físicos, mas quando se trata de psicologia (Uma ciência psicológica, humana ou do comportamento) entra-se em uma carência de sentido. Encarar a psicologia como uma ciência pré paradigmática, conforme a ideia de Kuhn, seria afirmar com certeza ou especulação filosófica que em algum lugar do futuro, os psicólogos entrarão em consenso sobre suas abordagens e trabalharão  todos com a mesma linha de pensamento. Para nós hoje seria muito mais fácil especular a impossibilidade de tal fato, tendo em mente duas coisas: Em primeiro lugar – Precisamos entender a noção de CIÊNCIA MULTIPARADIGMÁTICA que começou a ser cunhada por Masterman (1970), ao colocar as ciências da informação, sociais e psicológicas na compreensão de que cada um dos seus paradigmas competem pela hegemonia estatutária de suas teorias conforme o movimento da sociedade. Em segundo lugar – Precisamos compreender que uma CIÊNCIA MONOPARADIGMÁTICA possui um OBJETO NATURAL  de estudo, e a psicologia se propõe a estudar um SUJEITO de estudo, em uma relação social, singular, que é dotada de intersubjetividade.


Neste sentido, a concepção de que a psicologia é uma ciência que não possui um objeto de estudo, mas sim um SUJEITO de estudo, que se diferencia de tudo o que há no universo, por apresentar aspectos subjetivos, que carecem de outra subjetividade para ser analisado, por mais objetivo que seja o método empregado na pesquisa. Este ser, apesar de ter comportamentos padrões ou ser guiado por “leis comportamentais” possui relações que são dotadas de intencionalidade, subjetividade e singularidade, o que o torna único no mundo.


Neste sentido o que aqui proponho é a defesa de que A PSICOLOGIA SEMPRE SERÁ MULTIPARADIGMÁTICA por suas relações intersubjetivas e por ter um SUJEITO de estudo (e estudador) dotado de singularidade e não um objeto de estudo, numa relação intencional, dialética e positiva.



Referências

Kuhn, T. (2003). A estrutura das revoluções científicas, 7ª Ed. São Paulo: Perspectiva.

Masterman, M. (1970). The nature of paradigm, Em, Lakatos. I. & Musgarve, A. Criticism and Growth of Knowledge. Cambrige: Cambridge Univ. Press.

Um comentário:

  1. Eu discordo em partes. Dizer que a Psicologia tem um sujeito de estudo e não um objeto, coloca este dito "sujeito" como um agente ativo de seu próprio estudo, e não algo a ser estudado. Posso estar errado do meu ponto, mas soa algo como relatos subjetivos baseados em introspecção (sujeitos "treinados"). Onde dependendo da linha de pesquisa, e faltaram algumas no começo do texto, o ser humano se torna um Objeto de pesquisa sim. O fato deste possuir reações adversas não faz dele diferente. Até porque, intencionalidade e subjetividade são termos um pouco delicados, já que não existe nenhuma comprovação empírica para tal ato. Longe de defender uma linha mecanicista, estou apenas expondo pontos de vista aqui e alertando para o perigo da verdade absoluta. Como dizia Köhler, até o comportamento de uma bolha de sabão pode ser complexo, dada a quantidade de funções que esta pode exercer dependendo unicamente de sua estrutura interna em conformidade com as influencias ambientais, e não há nada de subjetivo ou intencional aí (de acordo com minha visão de mundo, daí vai de cada um). Se você colocou o Objeto de estudo da Psicologia como um Sujeito devido a haver aí a mediação da experiencia direta de outro ser humano(o pesquisador) para registrar seus resultados, toda e qualquer área da ciência é mediada pela experiencia direta. A propósito, gostei do blog!

    ResponderExcluir