Psicanálise, Behaviorismo, Gestalt, Humanismo, Cognitivismo, Humanismo, Psicodrama, Psicologia Sociohistórica, Sistêmica, Transpessoal, Bioenergética, Indivivual, Analítica, Construcionismo, Construtuvismo, Logoterapia... como se encontrar entre tantas abordagens e teorias? Porque tantos nomes e teorias diferentes para se tratar do homem?
Somos ensinados desde os primeiros dias aula que existem escolas do saber em psicologia que representam diferentes visões do homem, e cada uma possui sua base epistemológica e metodológica no desempenho de suas funções, e que no final, elas todas “funcionam”.
A noção de paradigma serve para guiar os cientistas e profissionais no desempenho de suas atividades, fornecendo um modelo padrão pelo qual há de se seguir. Ora a psicologia se encontra no ramo das ciências humanas, e neste caminho tem encontrado diversos paradigmas. Thomas Kuhn (1922-1996) grande físico e epistemólogo, defende a noção de que uma ciência para ser plena deve ser ‘monoparadigmática”, ou seja, deve ter a certeza de um único caminho em que deve andar (2003). Todavia essa noção coloca a psicologia no que os epistemólogos chamam de “Ciência pré paradigmática”, que ainda não se definiu e que ainda se encontra na busca por um caminho único a ser trilhado, para que possa ser entendida como ciência. Ora, o erro de Kuhn, não está naquilo que ele defende, mas na forma como ele aplica sua teoria à complexidade da realidade científica em que vivemos.
A ideia de Kuhn é muito plausível na compreensão de sistemas físicos, mas quando se trata de psicologia (Uma ciência psicológica, humana ou do comportamento) entra-se em uma carência de sentido. Encarar a psicologia como uma ciência pré paradigmática, conforme a ideia de Kuhn, seria afirmar com certeza ou especulação filosófica que em algum lugar do futuro, os psicólogos entrarão em consenso sobre suas abordagens e trabalharão todos com a mesma linha de pensamento. Para nós hoje seria muito mais fácil especular a impossibilidade de tal fato, tendo em mente duas coisas: Em primeiro lugar – Precisamos entender a noção de CIÊNCIA MULTIPARADIGMÁTICA que começou a ser cunhada por Masterman (1970), ao colocar as ciências da informação, sociais e psicológicas na compreensão de que cada um dos seus paradigmas competem pela hegemonia estatutária de suas teorias conforme o movimento da sociedade. Em segundo lugar – Precisamos compreender que uma CIÊNCIA MONOPARADIGMÁTICA possui um OBJETO NATURAL de estudo, e a psicologia se propõe a estudar um SUJEITO de estudo, em uma relação social, singular, que é dotada de intersubjetividade.
Neste sentido, a concepção de que a psicologia é uma ciência que não possui um objeto de estudo, mas sim um SUJEITO de estudo, que se diferencia de tudo o que há no universo, por apresentar aspectos subjetivos, que carecem de outra subjetividade para ser analisado, por mais objetivo que seja o método empregado na pesquisa. Este ser, apesar de ter comportamentos padrões ou ser guiado por “leis comportamentais” possui relações que são dotadas de intencionalidade, subjetividade e singularidade, o que o torna único no mundo.
Neste sentido o que aqui proponho é a defesa de que A PSICOLOGIA SEMPRE SERÁ MULTIPARADIGMÁTICA por suas relações intersubjetivas e por ter um SUJEITO de estudo (e estudador) dotado de singularidade e não um objeto de estudo, numa relação intencional, dialética e positiva.
Referências
Kuhn, T. (2003). A estrutura das revoluções científicas, 7ª Ed. São Paulo: Perspectiva.
Masterman, M. (1970). The nature of paradigm, Em, Lakatos. I. & Musgarve, A. Criticism and Growth of Knowledge. Cambrige: Cambridge Univ. Press.
Eu discordo em partes. Dizer que a Psicologia tem um sujeito de estudo e não um objeto, coloca este dito "sujeito" como um agente ativo de seu próprio estudo, e não algo a ser estudado. Posso estar errado do meu ponto, mas soa algo como relatos subjetivos baseados em introspecção (sujeitos "treinados"). Onde dependendo da linha de pesquisa, e faltaram algumas no começo do texto, o ser humano se torna um Objeto de pesquisa sim. O fato deste possuir reações adversas não faz dele diferente. Até porque, intencionalidade e subjetividade são termos um pouco delicados, já que não existe nenhuma comprovação empírica para tal ato. Longe de defender uma linha mecanicista, estou apenas expondo pontos de vista aqui e alertando para o perigo da verdade absoluta. Como dizia Köhler, até o comportamento de uma bolha de sabão pode ser complexo, dada a quantidade de funções que esta pode exercer dependendo unicamente de sua estrutura interna em conformidade com as influencias ambientais, e não há nada de subjetivo ou intencional aí (de acordo com minha visão de mundo, daí vai de cada um). Se você colocou o Objeto de estudo da Psicologia como um Sujeito devido a haver aí a mediação da experiencia direta de outro ser humano(o pesquisador) para registrar seus resultados, toda e qualquer área da ciência é mediada pela experiencia direta. A propósito, gostei do blog!
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