sexta-feira, 3 de abril de 2015

A páscoa, como a vivemos hoje, é uma festa cristã?


Não, não e NÃO! Para começo de conversa a páscoa não é uma festa, originalmente cristã: Ela é uma festa judaica, que foi criada como forma de gratidão à Deus pelo êxodo do Egito, no episódio em que os mesmos aspergiam sangue nas portas, reuniam a família e comiam um cordeiro como um ritual familiar. Esta festa foi conhecida como Pessach e foi posterioremente resignificada com os cristãos, ao afirmarem a morte e ressurreição de Jesus Cristo. De toda forma, não há registro de que os cristãos primitivos (que eram judeus) houvessem modificado o ritual original, a não ser pela inserção da figura do Cristo como centro de adoração.

Mas como foi que apareceu o tal do coelho de páscoa, os ovos, o chocolate? Em primeiro lugar, há que se perceber que, para estabelecer-se como religião oficial do Império Romano (que agregava uma série de etnias e tribos), o cristianismo teve que fazer uma série de concessões ritualísticas e de cunho político às outras religiões, de modo a sincretizá-las em sua liturgia: O natal por exemplo, passou a ser celebrado no dia 25 de Dezembro, para apaziguar os adoradores de Mitra, deus-sol que foi historicamente adorado entre persas e romanos, cujo nascimento era atribuído à este dia. Com a páscoa foi semelhante – Existiam, especificamente duas tradições à época do Império Romano que influenciaram o modelo atual de páscoa que para nós foi importando nos dias atuais; os egípcios e os povos anglo-saxões.

Existiam rituais de renascimento e morte, que eram simbolizados no Egito Antigo na figura do deus Osíris, o deus da fertilidade, onde a liturgia era feita através de cerimônias com ovos pintados e adornados com pedras preciosas. Para quem não sabe, a cultura egípcia teve uma forte influencia no Império Romano, desde que este foi incorporado à Grécia Helenística.

Neste sentido, outra cultura que teve forte influência na religiosidade romana foi a dos povos anglo-saxões, que possuíam à época o culto a sua deusa da fertilidade que era conhecida como Ostara, Eostre ou Easter (este último nome fazendo alusão direta ao atual nome inglês dado à festa da Páscoa). As festividades desta deusa também consistiam na pintura e adorno dos ovos, que posteriormente eram escondidos para serem encontrados por adultos e crianças. Outro ponto interessante era que, o animal que representava esta deusa, era o coelho, pois o mesmo se reproduzia muito rápido e em grande quantidade, o que simbolizaria a fertilidade.

E o chocolate? Foi se incorporando aos poucos à tradição católica graças aos luxos conquistados pela burguesia durante a Idade Média, diante das novas tecnologias alcançadas  à época.

Alguma dúvida de porque a páscoa ocidental é chamada de Easter e não de Pessach? Simplesmente porque a Páscoa como a conhecemos hoje é uma tradição importante de duas das maiores instituições civilizatórias da atualidade: O Romanismo Católico e a Cultura Inglesa/Estadunidense.


Logo, a páscoa, como a conhecemos hoje, não é uma festa originalmente cristã, mas uma festa expropriada dos judeus, que passou pelo cristianismo judaico, para um romanismo egípcio e anglo-saxão, ao ponto de ser exportado para as Américas por colonos europeus, de forte tradição italiana e inglesa.

Imagem: Extraída do Google Imagens

Texto por: Murillo Rodrigues

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