domingo, 30 de janeiro de 2011

Efeitos de Reforçamento Positivo em Condicionamento Operante - Panorama Técnico e Histórico

Autores: Jaíne Batista dos Santos
             Murillo Rodrigues dos Santos

Trabalho de Conclusão de Período da Disciplina Psicologia Geral e Experimental I pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás, Junho/2009, ministrado pela professora Ângela M. M. Duarte, Ph.D.


Meu rato de laboratório da Raça Wistar - Escaminosflau
da Silva - sendo condicionado em uma caixa de
Skinner -  1º Período - Matéria P.G.E. 1 - PUC Goiás
Os precedentes do Behaviorismo são dois fisiologistas russos que desempenharam um importante papel para o surgimento da nova ciência do comportamento. Bechterev (1857-1927) e Pavlov (1849-1936) foram dois grandes personagens que estabelceram ideias para a nova proposta que seria oficializada por Watson mas adiante na história. Bechterev foi o pioneiro em algumas descobertas que baseavam o Comportamentalismo, entre elas o Reflexo Associado, e foi o primeiro a propor a psicologia a se enquadrar nas pesquisas voltadas ao comportamento. Pavlov, por sua vez, foi o descobridor do Reflexo Condicionado e adquiriu notória fama por suas experiências feitas com animais, principalmente no condicionamento com cães. Tais descobertas feitas por esses dois fisiologistas foram de importante base para o novo rumo que a psicologia iria tomar a partir de 1913, na pessoa de Watson.


O Behaviorismo surge oficialmente no ano de 1913 com o Manifesto Behaviorista de James B. Watson (1878-1958), PhD. pela University of Chicago que era considerada o centro da psicologia funcional da época. Tal manifesto se posicionava contra os dois movimentos psicológicos que dominavam a época, o Estruturalismo e o Funcionalismo.

“As premissas básicas do behaviorismo de Watson eram simples, diretas e ousadas. Ele buscava uma psicologia científica que lidasse com os atos comportamentais observáveis e passíveis de descrição objetiva, por exemplo, em termo de “estímulo” e “resposta”” (Schultz & Schultz, 2009, p. 230). Além disso, Watson rejeitava qualquer termo ou ideia mentalista e tudo o que representasse a psicologia subjetiva passível de introspecção. Os conceitos há muito trabalhados por Wundt (1832-1920), Titchener (1867-1927) e James (1842-1910), os grandes nomes da psicologia até a época, como “sensação”, “mente”, “percepção” e “consciência”, são totalmente desprezados pela concepção de Watson para a nova psicologia, como sendo a ciência do comportamento. Apesar disso, é importante destacar o fato de que em nenhum momento Watson nega a existência de processos mentais. Para ele, o problema se dava no fato de que a análise objetiva destes processos era inviável até a presente época e, a sua proposta, não era a afirmação da não-existência de tais processos, mas sim que o estudo destes fosse abandonado mesmo que por um período provisório de tempo. Uma vez que, para Watson, os processos mentais devem ser ignorados por uma questão de método (e não porque não existissem), o seu trabalho ficou conhecido como Behaviorismo Metodológico.

A partir daí se pode definir o Behaviorismo em três fases principais:

1. O Behaviorismo Metodológico: Estabelecido por Watson em 1913 com o Manifesto behaviorista. Watson acreditava que todo comportamento poderia ser reduzido à relação “Estímulo-resposta” (E – R) e baseava-se em uma orientação positivista, mecanicista, negando assim totalmente termos não verificáveis, como os mentalistas. Watson enfatizava bastante o efeito do condicionamento em detrimento de habilidades inatas, e é dele a célebre citação:

Deixe sobre minha responsabilidade uns 10 bebês saudáveis e bem-formados, e a um mundo especificado por mim para criá-los, e garanto escolher alguns aleatoriamente e treiná-lo para se tornar um especialista de qualquer área, seja um médico, um advogado, um empresário, ou até mesmo um mendigo ou um bandido, independentemente do talento, da propensão, da tendência, da habilidade, da vocação e da raça de seus ancestrais. (Watson, 1930, p.104)

2. O Behaviorismo Radical: Estabelecido por B. F. Skinner (1904-1990) em 1945, baseia-se no pragmatismo que é concepção desenvolvida por filósofos americanos, particularmente Charles Pierce (1839-1914) e William James (1842-1910) que tem como noção fundamental segundo Baum (1999, p.37) “é de que a força de investigação científica reside não tanto na descoberta da verdade sobre a maneira como o universo objetivo funciona, mas no que ela nos permite fazer”. O behaviorismo radical, assim, baseia-se na praticidade. O contemporâneo behaviorismo radical não faz distinção entre os mundos subjetivo e objetivo, e se concentra em conceitos e termos, e o objetivo da ciência do comportamento aqui é descrever em termos que se tornem familiares e, portanto, “explicado”, buscando a ampliação da nossa experiência natural do comportamento por meio da observação precisa. As descrições pragmáticas do comportamento do behaviorismo radical tem por fim o contexto em que ocorre e para o behaviorista radical, os termos descritivos não só explicam como também definem o que é comportamento. Nessa perspectiva o comportamento é entendido como a interação do indivíduo com o ambiente, fazendo com que o homem seja assim, o produto e o produtor de tais interações.

3. Behaviorismo Social: Seus grandes nomes são Bandura (1925-) e Rotter (1916-), e outros que, em princípio, são behavioristas, mas que adotaram uma forma bem distinta da proposta por Skinner. Eles questionaram a total negação dos processos mentais e propuseram em seu lugar a Teoria da Aprendizagem Social.

Se a definição do behaviorismo for o estudo do comportamento observado, compreender-se-á que a modificação do comportamento se dá por uma técnica há muito estudada por todos os que se definem comportamentalistas, que é o Condicionamento.

Entende-se por condicionamento o uso de reforçador positivo contiguamente a uma resposta ou comportamento esperado com intuito de aumentar a frequência de tal resposta ou comportamento. Se o comportamento resulta em uma recompensa para o indivíduo, certamente será mantido e aumentará em frequência (Whaley & Mallot, 1971, p.21).

O termo reforçador positivo refere-se à algo que o indivíduo a ser condicionado goste e que sirva para aumentar a frequência da resposta ou comportamento ao qual se seguiu. E esse reforçador só terá eficácia se for aplicado imediatamente após o comportamento desejado.

Existem dois tipos de condicionamento: Condicionamento operante e condicionamento respondente. No condicionamento respondente ou clássico, inicialmente estudado por Pavlov, “se um estímulo, inicialmente neutro em relação a uma dada resposta, for várias vezes pareado com um estímulo que elicia aquela resposta, o próprio estímulo previamente neutro eliciará a resposta” (Staats & Staats, 1973, p.39).

No condicionamento operante um estímulo vem contiguamente a uma resposta (S – R), sendo que o reforçador aumentará a frequência da dada resposta (Whaley & Mallot, 1971, p.34). O comportamento é fortalecido, ou seja, tem mais probabilidade de ocorrer no futuro se é seguido por certos estímulos.

Skinner (1974) afirmou que o condicionamento operante é um processo muito diverso pelo qual uma pessoa chega a haver-se eficazmente com um novo ambiente. Ele e seus colaboradores criaram várias técnicas e instrumentos para estudar o condicionamento operante. O princípio do Reforçamento Positivo pode ser mais facilmente demonstrado usando-se a Caixa de Condicionamento Operante para Ratos (Caixa de Skinner), que foi confeccionada de modo que o comportamento de pressionar uma barra que se projeta na câmara possa ser observado isoladamente de outros comportamentos. A resposta de pressão à barra deveria ser fortalecida, se seguida de determinadas consequências (Staats & Staats, 1973, p.46). Skinner fez vários experimentos com ratos na Caixa de Condicionamento que confirmaram o princípio do reforçamento. A partir desses experimentos, ele concluiu que o condicionamento tem importante papel na vida humana, principalmente no que diz respeito a adaptação e a modelagem de comportamentos.

Há dois tipos de esquemas de reforçamento: Contínuo e Intermitente. No Esquema de Reforçamento Contínuo (CRF) toda vez que o comportamento em questão ocorre é reforçado. No Esquema de Reforçamento Intermitente, nem todas são reforçadas.

Existem quatro tipos principais de Reforçamento Intermitente: Razão Fixa, Razão Variável, Intervalo Fixo e Intervalo Variável. No esquema de Razão Fixa o número de respostas exigidas para que o indivíduo seja reforçado é sempre o mesmo, já em Razão Variável o número de respostas em cada reforçamento varia. No esquema de Intervalo Fixo o requisito para que uma resposta seja reforçada é o tempo decorrido desde o último reforçamento. O período entre o último e primeiro reforçador é o mesmo para todos os reforçamentos. No esquema de Intervalo Variável os intervalos entre o último e o próximo reforçador são variáveis (Moreira & Medeiros, 2007, p.117-122).

Além dos esquemas acima citados, convém citar ainda um esquema denominado tempo fixo em que o reforçador é disponibilizado em intervalos de tempo fixo, mesmo que a resposta não ocorra (Moreira & Medeiros, 2007, p.128).

 
Referências
 
 
Baum, W. M. (1999). Compreender o Behaviorismo, Ciência Comportamental e Cultura. Porto Alegre: Artmed.

Moreira, M. B., & Medeiros, C. A. (2007). Princípios Básicos de Análise do Comportamento. Porto Alegre: Artmed.

Schultz, D. P., & Schultz, S. E. (2009). História da Psicologia Moderna. São Paulo: Cengage Learning.

Skinner, B. F. (1974). Sobre o Behaviorismo. São Paulo: Cultrix.

Staats, A. W., & Staats, C. K. (1973). Comportamento Humano Complexo. São Paulo: EPU.

Watson, J. B. (1930) Behaviorism (Rev. Ed.). New York: Norton.

Whaley, D. L., & Mallot, R. W. (1971). Princípios Elementares do Comportamento.São Paulo: EPU.

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