Gostaria de compartilhar uma experiência que acredito ser relevante. Muitas vezes sou procurado por cristão sinceros (católicos e evangélicos), que sabem da minha trajetória passada por instituições religiosas, buscando compartilhar suas experiências e dores emocionais. O que percebo é que muitas dessas pessoas estão morrendo por dentro, mas continuam alimentando uma "capa" de vitória... afinal de contas, é "feio" para um crente convicto demonstrar sofrimento, afinal "é mais do que vencedor"...
Sinceramente, vi muitos pastores, seminaristas, leigos, jovens entre outros, sofrendo de coisas que nem ao menos sabem dar nome, só sabem que, mesmo professando uma FÉ GENUÍNA estão com um sentimento grande de ANGÚSTIA, mas não sabem o que é, nem porque...
Meu contato com estas pessoas tem me ensinado duas coisas: PRIMEIRO, falta COMUNHÃO, ou no bom e velho secular, falta amizade. Estas instituições religiosas tem se tornado a cada dia que se passa mais como clube sociais do que em locais de amparo, afinal de contas, as igrejas brasileiras estão produzindo uma realidade cada vez mais COISIFICADA em todas as espécies... abriu-se mão da comunhão em lugar do ritual ou de qualquer coisa... a burocracia ocupou tudo... afinal de contas, você precisa primeiro passar pelo discipulador, líder da rede, líder da geração, líder de departamento, pastor auxiliar, para depois chegar no seu pastor sênior (aquele homem que é sua referência psicológica de patriarcado), e este, com o curto tempo, te atende mais como um despachante espiritual do que como conselheiro... E nesta perde-se a sensibilidade do "confessai uns aos outros as vossas falhas".
SEGUNDO, falta liberdade... As igrejas que deveriam ser agentes para transformação social estão mais preocupadas em prender seus membros à uma rotina, criando uma realidade à parte, com uma linguagem própria, redes de coesão e etc... Qualquer pessoa nova que entra numa igreja se depara rapidamente com jargões "Tá na benção", "Só vitória", "varão abençoado", "eu profetizo", manifestando expressões veladas de egocentrismo pautados na imaturidade coletiva de um povo que busca aconchego psíquico... As igrejas estão mais preocupadas em PRENDER E ISOLAR AS PESSOAS DO MUNDO do que a ensinarem as pessoas a viverem nele.
É como prender um pássaro numa gaiola... ele pode até ficar lá, voando em círculos, bonito para as vistas, mas só ele a dor que tem por ter perdido a sua liberdade.
Alguns pastores devem se perguntar: Porque tantos jovens estão deixando a igreja? SIMPLES: Porque não são livres ai! AS PESSOAS DEIXAM AS IGREJAS PELOS MESMOS MOTIVOS QUE AS BUSCAM!
As igrejas estão prendendo pessoas, deveriam estar libertando-as, mas as estão prendendo... estão prendendo em uma vida institucional infrutífera regada por promessas genéricas... as que não prometem prosperidade financeira, cura ou coisas materiais, prometem um "ministério de sucesso", muitas vezes somente para preencher o ego dos que "tem um grande chamado" (acho que todo crente já ouviu essa uma vez na vida)...
Então, aqui fica o meu recado, com a experiência que tenho em ouvir dores de quem não pode expressá-la em sua igreja: Sua dor pode ser do tamanho da sua ausência de liberdade. Você é livre onde está?
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