Invisibilidade Social foi um termo
ficou bastante conhecido na psicologia brasileira após a publicação do relato
do Dr. Fernando Braga da Costa, em seu livro “Homens Invisíveis: Relatos de uma
humilhação social”, do tempo em que, para fazer sua pesquisa de graduação na
USP, em psicologia social II, se vestiu de gari no campus universitário e foi
trabalhar com os mesmos.
O que era
para ser apenas uma simples pesquisa ou mesmo aventura universitária se tornou
no relato de um grande fenômeno psicossocial que não era percebido da maneira
adequada: A invisibilidade social (ou pública como o autor cita).
Fernando
Braga da Costa percebeu que o uniforme de gari e a vasoura em sua mão lhe
portavam muito mais do que o estatus de trabalhador braçal, mas lhe legavam a
invisibilidade pública. Seus colegas de graduação, professores e demais
conhecidos, não o reconheciam, e nem sequer olhavam para ele quando estava
vestido com o uniforme de gari, porém, reconhecendo-o normalmente quando este
estava sem o uniforme. Tal fenômeno o intrigou e o fez ficar por meses junto
com os garis, trabalhando e vivendo como estes. Seus relatos deram fim ao seu
livro que narra os relatos da invisibilidade pública que algumas pessoas estão
sujeitas.
Segundo
Costa (2004) “a invisibilidade pública – espécie de desaparecimento
psicossocial de um homem no meio de outros homens” (p. 54), sendo assim, para
com os outros uma percepção social minada.
O autor
(2004) continua discorrendo sobre o tema
A invisibilidade
pública, desaparecimento intersubjetivo de um homem no meio de outros homens, é
expressão pontiaguda de dois fenômenos psicossociais que assumem caráter
crônico nas sociedades capitalistas: Humilhação social e reificação. (p. 63)
Ou seja, o
autor coloca a invisibilidade pública como expressão/produto de dois fenômenos
típicos do mundo capitalista: A humilhação social – Subjugar com violência
psicológica a subjetividade de um sujeito à de outro sujeito. E o processo da
reificação – O homem é aquilo que ele produz, e a forma de tratamento das
relações humanas segue um processo mercadológico.
Tais conclusões
do pesquidor levam-nos à reflexão diária das cenas em que passamos e nem ao
menos nos damos conta: Da forma como ignoramos o transeunte, o mendigo, o gari,
motorista de ônibus, e todos os demais que ‘nada produzem’ para conosco.
A invisibilidade pública é uma construção
psíquica e social. Nessas circunstâncias, muita violência e verdade amortecidas
contam como ingredientes que impedem a compreensão da invisibilidade pública
como signo de luta social, uma luta de classes. A invisibilidade pública, dessa
maneira, não aparece como sintoma social, cristalização histórica de um
desencontro, mas pode apresentar-se à consciência como fato natural. (Costa,
2004, p. 162).
Sendo
assim, a invisibilidade social é um fenômeno psicossocial pelo qual um sujeito
é intersubjetivamente apagado por outro. É um processo onde o ser é tornado
invisível por sua “insignificância ou irrelevância social”.
Referência
Costa, F.
B. (2004). Homens invisíveis: Relatos de uma humilhação social. São Paulo:
Globo.
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