É interessante notar que o ser humano passa por um período maior de dependência do que os outros mamíferos, para alimentação, proteção e até mesmo de sua própria sobrevivência em seus primeiros anos de vida, onde o afeto mostra-se determinante para o desenvolvimento sadio do indivíduo. Dentro disso também podemos ver a predisposição dos recém nascidos para um fato importante: O formato pequeno de seus membros, a cabeça grande e sobressalente, os olhos pequenos e profundos, além de sua aparência de fragilidade, parecem ser biologicamente determinadas para atrair a atenção e os cuidados dos adultos.
Segundo Erikson (1950) as primeiras experiências de vida são fundamentais e ele identifica em uma de suas oito etapas de desenvolvimento, a Crise de Confiança Básica versus Desconfiança Básica, onde diz que essa etapa inicia-se no primeiro ano de vida e vai até aproximadamente o 18º mês. De acordo com Erikson é nesse período que as crianças vão desenvolver o senso de confiança que será atribuído a pessoas e objetos. O bebê precisa desenvolver um equilíbrio entre a confiança, que lhe permite formar relacionamentos íntimos, e a desconfiança que lhe permite se proteger. Quando predomina o sentimento de confiança, a virtude da esperança prevalece, quando predomina a desconfiança, as crianças verão o mundo como hostil e imprevisível e terão problemas para formar relacionamentos (Erikson, 1982). Para Erikson, o elemento crítico para o desenvolvimento da confiança é o contato sensível, responsivo e consistente com o cuidador e ele identificava a alimentação como o contexto para o estabelecimento do equilíbrio entre a confiança e a desconfiança básica.
A definição de Apego como um vínculo emocional recíproco e duradouro entre um bebê e um cuidador, cada um deles contribuindo para a qualidade do relacionamento é bastante trabalhada por muitos teóricos como Ainswoth (1979) e Bowlby (1951).
Segundo a perspectiva etológica, bebês e pais possuem uma predisposição para se ligarem um ao outro. Praticamente toda atividade por parte do bebê que provoca uma resposta do adulto pode ser um comportamento em busca de apego como, por exemplo, sugar, chorar, sorrir, agarrar-se, olhar nos olhos do cuidador.
A psicologia ainda nos assegura que crianças com déficit de afeto materno, encontrarão sérios problemas no desenvolvimento cognitivo. Assim, o papel da mãe (ou de um cuidador substituto) é extremamente importante, pois essa relação mãe-bebê, quando desenvolvida saudavelmente, irá definir a saúde cognitiva da criança.
O conflito sobre a Confiança versus Desconfiança, quando não regulado através do afeto pode desestabilizar o que a Psicanálise chama de Ambivalência, pois “o que caracteriza o indivíduo psicologicamente doente é sua incapacidade para regular satisfatoriamente seus conflitos” (Bolwby, 1997, p.21). E é a ambivalência que fala sobre a guerra interior de Eros (Pulsão de Vida) e Tanatos (Pulsão de Morte), que darão base para todo o desenvolvimento da personalidade individual. Por isso, a ausência ou, o afeto irregular poderão desestabilizar bastante o desenvolvimento e a vida de qualquer indivíduo.
Referências
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